Sobre o grupo

O Grupo de Estudos em Poder e Desenvolvimento Local é devidamente credenciado no CNPq e aberto a pesquisadores e militantes envolvidos com o tema. Trata-se de uma iniciativa de professores, alunos e ex-alunos da Escola de Artes, Ciências e Humanidades da Universidade de São Paulo (EACH-USP) em conjunto com professores, pesquisadores, alunos e ex-alunos de várias Instituições de Ensino como a FGV, UnB, dentre outras. Inicialmente o Grupo foi criado em parceria com o Centro de Estudos e Pesquisas em Políticas Sociais e Qualidade de Vida (CEPPS), que continua parceiro em atividades no território do Alto Tietê.
O grupo busca compreender e divulgar o conhecimento de novas práticas de gestão pública em âmbito local, o que envolve diversas questões referentes à descentralização, economia local, governança, novas práticas educacionais, organização da sociedade civil, ecologia, sustentabilidade, entre outros.
O foco do grupo de pesquisa é o local e suas conexões. O local é diverso e passa a ser definido a partir de seu contraponto – local contrapondo-se ao global. Assim, o local é o bairro em relação ao município; é o município em relação à região; é o conjunto de municípios em relação ao Estado.
Poder e Desenvolvimento Local é, antes de tudo, um tema, amplo suficiente para comportar outras questões que com ele guardam interface; e permite um amplo conjunto de abordagens teóricas. Assim, “Poder e Desenvolvimento Local” é concebido como um Grupo Temático capaz de acolher diversos objetos empíricos e teóricos.
Além do caráter acadêmico, as pesquisas também possuem uma dimensão aplicada, relacionada ao comportamento e à prática dos indivíduos nas organizações. Assim, se o trabalho do investigador científico constrói questões teóricas e busca soluciona-las por meio do desenvolvimento de um método e da observação empírica; o trabalho no campo das ciências sociais aplicadas busca também construir problemas e encontrar respostas que estejam diretamente relacionadas com o cotidiano das pessoas e das organizações.
O desafio do grupo, portanto, é criar um espaço de discussão e interação com governos locais, academia e sociedade, que garanta a amplitude de temas e problemas.  O conhecimento produzido deve circular tanto entre as linhas de pesquisas, como para além do contexto acadêmico.

Linhas de Pesquisa

Territórios, Desenvolvimento e Políticas Públicas

Os territórios são dinâmicos e socialmente construídos. A idéia de desenvolvimento é polissêmica. Esta linha de pesquisa tem como objetivo atribuir sentido ao desenvolvimento e reconhecer as novas territorialidades bem como as organizações, as instituições e as políticas públicas que sobre elas incidem.
A integração dos três temas suscita reflexões sobre a construção social e a dinâmica dos territórios, trazendo experiências locais que simbolizem e enriqueçam a discussão teórica. Em termos teóricos, a abordagem prioritária é a da sociologia da ação pública – os atores, processos, interesses, ideias, representações de mundo, instituições, organizações e resultados – que em um subsistema concreto de ação incidem sobre a produção de problemas e soluções públicas, tendo os governos como atores importantes e legitimamente constituídos, mas não exclusivos. Tematicamente destacam-se: novas ruralidades; adaptação da agricultura às mudanças climáticas; consórcios intermunicipais; comitês de bacias; desenvolvimento local em suas dimensões ambiental, cultural, econômica, política, social e sociotécnica.

Participação, Governança e Gestão Pública

O Brasil passou, a partir dos anos 80, por diversas reconfigurações nas estruturas estatais, que envolveram o diálogo e a partilha de responsabilidades com o mercado e a sociedade civil. É no âmbito destas novas relações que a linha de pesquisa busca investigar, problematizar e propor soluções para a redefinição do próprio papel do Estado na sociedade brasileira contemporânea e a influência de novos atores na produção das políticas públicas.
Foca-se na atuação de conselhos de políticas públicas municipais, inseridos no Poder Executivo ou independentes; desenvolvimento de experiências de interação entre governo e sociedade civil, seus questionamentos teóricos e possibilidades de avanço; sociedade civil organizada e desorganizada; capital social; agenda pública; descentralização de políticas públicas; articulação de atores diversos no processo de implementação de determinado instrumento de ação pública; entre outros.

Ambiente, Educação e Políticas Públicas

A ampliação dos estudos sobre a interação entre indivíduo-sociedade-ambiente trouxe novas formas de perceber e inserir a dimensão ambiental nas práticas sociais. Esta linha de pesquisa tem como desafio compreender a ascensão da questão socioambiental nas teorias e no fazer educativo. A pesquisa-ação proporcionada por este potencial espaço interdisciplinar buscará entender e facilitar a inserção deste debate na agenda pública.

Esta linha de pesquisa aborda as discussões voltadas para a educação ambiental e política; aprendizagem social; agroecologia e permacultura; cidadania e participação. Destaca-se ainda o estudo sobre metodologias de ensino-aprendizagem, técnicas de mediação social, metodologias de gestão compartilhada de recursos naturais e outros temas correlatos.

Memória e Identidade

A memória coletiva e os conflitos em torno dela têm relevância para compreender dinâmicas territoriais na medida em que a memória é um dos principais elementos constituintes do sentimento de identidade. Acessar múltiplas narrativas acerca do passado local permite compreender as diferentes projeções relacionando passado e futuro que se encontram em jogo quando da proposição de políticas para uma coletividade. As políticas da memória e do esquecimento, as instituições e atores participantes da sua construção, os mecanismos e instrumentos pelos quais o passado é construído e disputado, os lugares de memória, a paisagem toponímica e demais elementos do sistema de ancoragem de memórias locais constituem temas de investigação desta linha.